Carta aos novos devotos dos Antigos Deuses
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A.Demétrios H.S.R.
8/20/20235 min read
Saudações a você que está começando no Helenismo ou está por aqui há algum tempo. Se chegou até aqui é porque conseguiu fugir das garras do monoteísmo, ao menos parcialmente, pois ele ainda pode estar escondido dentro de você, no modo de pensar. Irá compreender conforme for lendo este artigo.
Aqueles lá, da Cruz, fizeram - e ainda fazem - de tudo para evitar que as pessoas virem seus olhos e ouvidos para outras direções e descubram que, SIM, há outros Deuses, há outros caminhos.
Se você chegou até aqui, é um resistente. Pertence a uma minoria propensa a se dispersar e desaparecer. Uma minoria, que apesar de tudo, tem enorme potencial se souber se organizar, ensinar e explicar a tradição que segue e defendê-la com argumentos quando necessário. Aquele ditado, “Conhecimento é poder”, se encaixa perfeitamente aqui.
Muitos de vocês estão na prática solitária, ainda são raros grupos com propostas coesas para acolher os neófitos. Isso pode ser desanimador, mas se houver a instrução adequada, poderá formar você mesmo algum grupo,mesmo que virtual. Creio que o importante,no momento, é promover as informações corretas.
Antes, preciso fazer algumas considerações importantes:
Primeiramente, estabelecer o meu lugar de fala. Meu grupo e eu não somos helenos. Heleno é o mesmo que “grego”. Penso importante deixar claro, principalmente para nós mesmos, para sabermos nos situar nesse grande movimento de retorno aos Deuses antigos. Não temos descendência helênica. Não podemos traçar ancestralidade a alguma localidade da Hellas (Grécia) para reivindicar alguma tradição cultual específica. Como abordado numa das publicações que vou compartilhar a seguir, a religião helênica era essencialmente local, apesar de participar de uma identidade étnica comum. Cada pólis possuía suas tradições; era um mundo religioso em si mesmo, sem compromisso de se alinhar às demais póleis.
Segundo, ouso repetir: não aprecio mais utilizar o termo “Reconstrucionista”. Principalmente porque se dirigia inicialmente a ideia de que as religiões antigas estavam mortas. Após estudos aprofundados, se sabe - porém não é muito divulgado - que a religião helênica politeísta (ou,um termo mais amplo, tradição helênica) após a opressão da cristandade, foi obrigada a desaparecer dos olhos públicos, porém, sobreviveu ao longo dos séculos através de iniciativas privadas, com um ou outro expoente público. É o caso de Gemistos Plethon, erudito grego da Idade Média, que tentou revitalizar a tradição étnica helênica em tempos de pleno domínio cristão. E possivelmente deu origem a movimentos com o mesmo intuito dele. Há outros exemplos, que compartilharei em outro momento, ou atualizando este artigo.
Sobre como me denomino ou ao meu grupo nisso tudo? Ainda sem nada em definitivo, e cada um pode usar a denominação que julgar mais adequado. Da minha parte, busco sempre elucidar o que de fato fazemos: honramos os Deuses helênicos de acordo com a Sabedoria helênico e guiamos nossas vidas por ela, dentro do nosso possível em nossos contextos. Não é algo que se completa da noite para o dia.
Terceiro: o lema do thíasos é “Um caminho para a Sabedoria Helênica e seus Deuses”. Sabedoria, ou, “Sophia”, para os gregos, significava o conhecimento das coisas humanas e divinas. Logo, é redundante relacioná-la com os Deuses, mas dificilmente o público sabe disso. Por isso as tentativas de minha parte de ser explicativo ao máximo. A tradição helênica compreende, então, tudo gerado pela cultura pré-cristã. O que nos interessa mais é aquilo que diretamente envolve os Deuses e o modo de vida ético, porém, sempre buscando estudar a história geral para compreender melhor o antigo contexto.
Ênfase no “Um caminho”, pois não é o único nessa caminhada de retorno aos Deuses.
Dessa forma, ao desejarmos nos aproximar dessa tradição, compreendida como um grande conjunto uno e múltiplo, não apenas estamos cultuando mais um ou outro deus estrangeiro. É um convite a uma grande mudança de mentalidade. O cristianismo domina as mentes e o modo como enxergamos a vida há mais de dois mil anos. O monoteísmo judaico-cristão se tornou paradigma - à força de violência ao longo dos séculos, não tanto do seu “amor”. Mesmo os ditos ateus, em sua maioria, são apenas reações contra o monoteísmo. Fomos ensinados - e precavidos através de mentiras - de que só existe “Um Deus” - o desértico Javeh”, e seu Messias judaico - que deu origem ao mito de Jesus e seus fanáticos missionários. Se tornou normal ser cristão. As religiões antigas foram quase totalmente apagadas. Hoje em dia, entre a população média cristã, seria bem difícil enxergar com bons olhos esse negócio de “deuses antigos”, se não fosse a existência dos terreiros e seus Orixás, o mais próximo de caminho politeísta que se tem nas redondezas.
Abraçar a tradição helênica é se purificar das crenças monoteístas e seus subprodutos: é dar as costas à visão de mundo de que tudo é “Pecado”; dar às costas ao Diabo e a luta imaginária contra ele; se despir do desespero por um “Salvador”; rejeitar o estreitamento mental de que se só existe um deus e o restante é “falso”, portanto, devendo ser destruído (justificativa da destruição das antigas culturas e de tudo que é diferente). O tal Amor é só entre seus iguais. Os judeus entre si já se engalfinhavam pela “crença mais verdadeira”, e o mesmo ocorre entre os cristãos e suas distintas igrejas. Rixas por causa do mesmo motivo: só existe uma verdade. Isso só para enumerar algumas questões.
Religião ou Tradição étnica Helênica oferece outra cosmovisão, que proporcionou o desenvolvimento das ciências (inicialmente pertencentes a ramos da Filosofia), da Democracia (ao contrário do totalitarismo fomentado pelo monoteísmo); a tolerância religiosa,uma que se trata de uma visão de mundo que reconhece a existência de muitos deuses, de todas as nações. E, de suma importância, gerou um sistema ético cujo principal objetivo é divinizar o ser humano através das Aretai (Excelência ou Virtudes), sem se rastejar atrás de um suposto “Salvador”.
Não pretendo,contudo, idealizar a Grécia Antiga. Houve pessoas e fatos terríveis, injustiças e desigualdades, e não foi diferente mesmo nos tempos dominados pelo “amor cristão”. No entanto, já no pensamento antigo aflorava novos horizontes, o que foi interrompido por aqueles lá da Cruz, voltando a germinar no Renascimento - em parte, ao menos.
Hoje vivemos - ou desejamos viver - um novo Renascimento. Onde se possa recuperar o melhor da tradição helênica, e não somente dela, como de outras cosmovisões étnicas, sem qualquer influência do monoteísmo. Mas creio que os frutos de nossa semeadura só virão a luz plenamente séculos à frente.
E, por último: sim, é bastante informação, persista. Uma vez que não possuímos centros de formação helênica em cada esquina como se tem uma igreja, somos obrigados a ter contato com enxurradas de material. Por isso, aproveite o que compartilho aqui, pois mesmo quando se tenta realizar uma síntese de algum assunto, costuma ser longa para que seja compreendida.
Ah sim, para encerrar de verdade, antes que nos acusem de antissemitismo: somos contra certas crenças deles, impostas, foram manipuladas como justificativa para a destruir os antigos povos e seus caminhos sagrados.
Para começar, acesse esse vídeo:
Cosmovisão helênica X Cosmovisão Cristã https://youtu.be/4bdcHAShRIQ
Após, confira:
"Vida Devocional” https://hierokrithari.com.br/vida-devocional
Conforme for acessando o conteúdo disponível, sempre pode entrar em contato pela nossa página no Instagram para orientação. Insta @hierokrithari ou pelo e-mail kritharihelenismo@gmail.com . Atualmente (agosto/2023), não estou respondendo pela página no Facebook,pois desativei meu perfil por lá por questões de prioridade.
Que os deuses da aprendizagem, Hermes, Athena e Apollo, lhe guie nos estudos! E o brônzeo Ares te conceda Resistência!