Casa de Deméter

A deusa Deméter recebe em nossa comunidade posição elevada, sendo honrada como “Megále Theá”, Grande Deusa (título honorífico), resultado de um processo que se deu naturalmente através de inúmeros simbolismos e reflexões acerca deles. Esta relação é construída e reconstruída continuamente, podendo gerar ainda uma pluralidade de significados e práticas. Para elaborar nossa vida devocional às Duas Deusas nos inspiramos nas informações que vêm de todo o mundo helênico, em particular dos sistemas locais onde possuem proeminência no panteão. Exemplo: Eleusis, Sicília, Lyndos, Rhodes, e outros.

Deo e os demais deuses patronos do grupo ou, se preferir, “centrais” na vida devocional coletiva compõem o eixo simbólico e identitário de nosso Projeto. Isso não significa possuirmos uma posição mais especial ou privilegiada do que outros devotos diante desses Deuses. De forma semelhante, cada um em sua vida particular desenvolve uma relação mais íntima com algum dos Theoi.


As origens de Deméter como uma deusa dos grãos devem estar no período Neolítico com o advento da agricultura. Seu nome contém a palavra grega para "mãe", mas se a sílaba inicial significa "terra", "grão" ou outra coisa tem sido debatido há muito tempo. Homero tinha pouco interesse em Deméter e nenhum em seu relacionamento com Kore (a Donzela), embora Perséfone apareça na poesia épica como a noiva de Hades. A rainha dos mortos (Pherephátta em ático) tem um nome não-grego e deve ter sido, em origem, uma divindade separada da filha de Deméter. Mesmo depois que as duas foram firmemente identificadas, eram frequentemente representadas paradoxalmente no culto como duas personagens distintas. A iconografia e a terminologia eleusinas, por exemplo, justapuseram Theá, a deusa do submundo, com Kore, a Filha. Os gregos evitavam pronunciar ou inscrever o nome sinistro Perséfone em contextos de culto, substituindo-o por Kore ou outros eufemismos, embora tal cautela fosse menos frequentemente exercida pelos poetas. Deméter e Kore eram frequentemente adoradas juntas sob nomes como: as Duas Deusas, as Thesmophoroi ou as Grandes Deusas. (Jennifer Larson, Greek Cults a Guide)

A memória mais popular sobre a deusa Deméter é o seu zelo materno por Koré expresso no mito do Rapto. Contudo, como com qualquer outra divindade helênica, o domínio divino é extenso e profundo. De acordo com Maria Lúcia Gili:

“Réia, primordial fonte ctônia de toda a fecundidade, enquanto matriz geradora de

Zeus que, definindo os âmbitos de poder dos deuses em geral, faz do mundo uma

explicitação do seu poder, compartilha da natureza de sua mãe Terra, geradora das bases

para a instauração da ordem de Zeus. Do mesmo modo Deméter partilha da natureza de

sua mãe Réia enquanto potência ctônica fecunda que, produzindo o fruto da terra, é, num

primeiro momento, a mantenedora da vida humana e, num segundo, a sustentadora dos

imortais, ou das “formas fundamentais do mundo” (Hino Dem. 310-312). Nesse sentido,

Terra, Réia, Deméter e seu duplo Perséfone completam um ciclo: Terra, de amplo seio, é

sustentáculo de tudo quanto existe, Réia é matriz geradora de tudo o que existe, Deméter

é potência fecunda, que necessita da filha, como seu duplo, para fazer circular no mundo

invisível e aflorar, no mundo visível, a sua força fecunda, produtora do alimento que

mantém o homem vivo, homem esse que usufrui de tudo quanto existe e por isso gloria o

sagrado ser dos imortais.

As circunstâncias do nascimento de Deméter se dão conforme o seu ser, natureza

e função: imediatamente após descer do ventre sagrado da mãe, sobe à boca e desce ao

ventre do pai e, com o girar do ano, de novo sobe à boca do pai que a vomita. A

função, a natureza e o ser da deusa manifestam-se pela tensão da dupla serventia do

ventre, pelo descer e subir e pela circularidade. O ventre de Réia é o símbolo da

maternidade, é ali que o sêmen germina e a vida é preparada, mediante a doação

contínua que a mãe faz da sua própria substância. O ventre de Cronos, na medida em que

ele engole os filhos para impedi-los de virem à luz, é o símbolo da destruição da vida, ou

seja, é o símbolo da morte. O ventre da mãe acolhe para edificar e revelar, o do pai

recolhe para ocultar, aniquilar. A tensão do duplo uso do ventre caracteriza a função de

Deméter que transita entre ocultar a semente (Hino Dem. v.307) e revelar o fruto (Hino

Dem. v. 471).

Devido às evidentes conexões de Deo com a terra, na teologia estóica Ela é quem representa a manifestação telúrica do Divino Supremo (o próprio Cosmos) - apesar de Geia ser a tradicional encarnação da terra primordial. Georgios Gemisthos Plethon, um platônico da Idade Média, identifica Deméter como “deusa das plantas”, em sua obra “Leis”.

“Em seguida, criança, há que falar de DEMÉTER e Héstia: cada uma parece ser não outra do que a terra. Ora, os antigos apelidaram-na Héstia, porque está firme através de tudo, [ou porque foi colocada pela natureza no mais profundo; ou porque todo o cosmos está firme nela, como numa fundação]. Deméter, por dar à luz e nutrir tudo, como se fosse Terra-Mãe ou mãe Deo, porque ela e as coisas sobre ela, sem dúvida produzem o que os homens dividem entre si e se banqueteiam.” (Lúcio Aneu Cornuto. Epítome de Tradições Teológicas Gregas)

“Em primeiro lugar, aquilo de que a humanidade primeiro precisava foi fornecido pela nossa cidade. Por mais que a história seja mítica, no entanto, é apropriado que seja contada mesmo agora. Quando Deméter chegou a nossa pátria, depois de vagar por causa do sequestro de Kore, e estava bem disposta aos nossos antepassados ​​por causa de sua gentileza, que aos não-iniciados não é possível ouvir, e deu-lhes presentes duplos, que por acaso são os maiores – os frutos da terra que são responsáveis ​​pelo fato de não vivermos como animais, e o festival, cujos participantes têm esperanças mais doces em relação ao fim da vida e para sempre, nossa cidade foi tão reverente e generosa, que em posse de tantas dádivas permitiu que todos participassem das coisas que recebeu.” (Isocrates, Panegyricus 28)

Dimensões Políticas

A Deusa Eleusina, ao lado da Filha, assume também funções cívicas, como mantenedora da ordem:

“Um dos epítetos de Deméter e Koré - Thesmophoros ou Thesmophoroi- conecta as duas deusas à Themis e à ordem divina. Tratam-se de termos de difícil tradução. S. G. Cole interpreta da seguinte maneira: “aquela que carrega/porta o que foi fixado". No caso, o que foi fixado por Themis e por Zeus é a ordenação do cosmo, as leis divinas que regem homens e deuses. As duas deusas representam o mundo agrícola, a reprodução legítima das famílias e os ciclos de nascimento e morte. Ou seja: os deveres humanos para com a physis e a manutenção da cidade. O escoliasta de Luciano coloca a questão do seguinte modo: "Deméter é nomeada Thesmophoros pois estabeleceu as leis ou thesmoi de acordo com as quais o homem deve trabalhar para ter sua comida".

(Mariana Figueiredo Virgolino)

"Themis, o mito nos conta, foi a primeira a introduzir profecias, sacrifícios e as ordenanças que se referem aos deuses, e a instruir os homens na obediência às leis e a paz. Consequentemente, os homens que preservam o que é sagrado aos deuses e às leis humanas são chamados thesmophylakes (guardiães das leis) e legisladores (thesmothetai) e dizemos que Apolo, no momento em que ele responde aos oráculos, está "emitindo leis e ordenanças" (themisteuein), em vista do fato que Themis foi a descobridora das profecias oraculares". DIODORO SÍCULO, Biblioteca de História, V.67.3.

Ainda segundo a pesquisadora:

“Temos, então, que Themis é um conceito mais amplo que Diké, envolvendo toda uma ordem entendida como natural e antecessora aos dizeres de justiça dos homens. Aliás, é por causa dela que os homens sabem o que é a justiça, o que lhes cabe na repartição do mundo. Na Odisseia ela, juntamente com Zeus, "dispersa e convoca as assembleias dos homens". Themis é, enfim, a designação de como as coisas devem ser, do próprio equilíbrio cósmico, das leis divinas ou, simplesmente, da constância do mundo. Ela é a segunda esposa de Zeus, mãe das Estações (Horas) e das Moiras, além da Paz (Eirene), Justiça (Diké) e Boa Ordem (Eunomia), como mencionado. Isto é: Themis é a que gerou não apenas a ordem natural (representada pelas Estações), mas também as entidades responsáveis pelo destino dos homens, as Moiras -Klotho (Fiandeira), Lakesis (Sorteadora) e Atropos (Inflexível).”

Apesar de seu papel crucial na prosperidade da cidade, Deméter e Kore raramente funcionavam como deuses cívicos. Excepcionais eram Tebas, onde o santuário de Deméter ocupava o principal espaço cívico na Kadmeia, e certas cidades da Sicília e Magna Grécia, onde as duas deusas eram presenças dominantes no panteão. (Jennifer Larson, Greek Cults a Guide).

Na Sicília, considerada toda sagrada às Duas Deusas, o culto de Deo era diretamente associado à vida política, como explica Donald White no artigo “Demeter's Sicilian Cult as a Political Instrument”:

"As circunstâncias que cercam talvez a primeira chegada do culto de Deméter à Sicília são proféticas dos eventos subsequentes. Estes são preservados no seguinte conto encontrado em Heródoto [7.153 (Loeb)]: "O ancestral deste Gelon, aquele que estabeleceu um assentamento em Gela, era da ilha de Telos, que fica ao largo de Triopium; ele, quando da fundação da Gela por Antífemo e os Undianos estava em andamento, não ficaria para trás. Sua posteridade tornou-se com o tempo os sacerdotes ministradores das deusas do mundo inferior e continuou assim. Este cargo foi conquistado, como mostrarei, por Telines, um de seus antepassados. Certos Geloanos, derrotados em conflitos partidários, tendo sido banidos para a cidade de Mactorium, no interior de Gela, Telines os trouxe de volta para Gela, com nenhuma força de homens para ajudá-lo, mas apenas os instrumentos sagrados da adoração das deusas. De onde ele conseguiu isso, e se eles ou não foram descobertas por ele mesmo, não posso dizer; seja como for, foi na força deles que ele restaurou os exilados, com a condição de que seu a posteridade deveria ser feita como sacerdotes ministradores das deusas."

Heródoto não o nomeia, mas outras fontes identificam o "ancestral de Gelon" como o Deinomenes original. O escoliasta de Píndaro fornece a informação adicional de que este Deinomenes, o ancestral da famosa dinastia dos tiranos, trouxe para a Sicília os ritos de Deméter. Segundo Heródoto Telines, um dos descendentes de Deinomenes e, portanto, um dos ancestrais de Gelon e Hieron, adquiriu o direito de ter o sacerdócio de Deméter restrito a sua família curando a discórdia entre facções em Gela. A natureza dos "instrumentos sagrados" pelos quais ele realizou isso só podem ser conjecturados, mas parece provável que eles faziam alguma referência simbólica aos grãos. Ao longo da antiguidade, a planície de Gela foi um rico centro de grãos. (...)

(...)A natureza desta política é ainda revelada pelo chamado Grande Juramento, prestado em Siracusa a Deméter e Perséfone. Aquele que prestava juramento era levado ao recinto das deusas em Siracusa. Um manto roxo era lançado ao redor dele e uma tocha acesa era colocada em sua mão. Em ambas as referências a esta cerimônia que sobreviveram na literatura antiga, seu uso é reservado a possíveis inimigos do Estado. No primeiro exemplo, Agátocles foi forçado a jurar que não tinha más intenções contra a democracia e que permaneceria amigo de Cartago (na época aliada de Siracusa). No segundo exemplo, Kallippus teve que jurar que não estava conspirando contra Dion, então tirano de Siracusa. Assim, em ambos os casos, o juramento estava diretamente ligado à preservação do estado de Siracusa ou de seu principal representante. Não foi por acaso que Deméter deveria ter sido tão empregada, uma vez que o juramento deve ter evoluído de uma situação em que Gelon e seu irmão personificavam o estado e serviram como sacerdotes-chefes das deusas.

No Ocidente grego, a própria Kore/Perséfone era às vezes a parceira mais proeminente das duas, e desempenhava um papel importante na construção social do casamento e dos ritos que levavam à idade adulta para mulheres e homens. Em consonância com a importância de Kore como a noiva arquetípica, as colônias ocidentais viam o cerne do mito como a teogamia de Perséfone/Kore e Hades, em vez da reunião de Deméter e Kore após o sequestro desta última, que era o foco dos famosos Mistérios de Elêusis. Contudo, essas dimensões exploradas por esses povos não suprimiram o aspecto ctônico da Deusa. Em outras partes da Magna Grécia, a Donzela das profundezas se expressa na forte presença da corrente órfico-pitagórica (por exemplo, em Thurii, Lokri Epizephyri e outras pólis da Magna Grécia), sendo mãe de Dioniso.

Além de senhoras da vida aqui na “superfície”, “As Deméteres” se relacionam com o pós-morte do corpo físico. Assim retornamos com as belas palavras da pesquisadora Maria Lúcia Gili:

“A ela se deve a circulação das forças entre o mundo subterrâneo dos

mortos, onde desce a semente e cumpre as suas fases, e o mundo terrestre dos vivos,

onde sobe a plântula e cumpre as suas etapas. Deméter é o ventre escuro, invisível, onde

uma nova energia é criada; o grão depositado ali, volta ao mundo visível transformado.

Nascer e morrer, ocultar e revelar, edificar e aniquilar, descer e subir, invisível e visível,

esses pares de oposição, parece que a deusa os sintetiza sugerindo a ambiguidade do seu

poder e sinalizando que a vida se gasta em um envelhecimento contínuo, transformando,

paulatinamente, o ser humano, de bebê em criança, de criança em jovem, de jovem em

velho, e, de velho, em cadáver, como as estações do ano. Assim como a semente

encerra a futura semente, a vida encerra a morte. No centro está Deméter, a Mãe Terra,

de seu ventre brota a vida e toda a abundância e a ela tudo volta. Nascimento e morte a

pertencem, encerrando nela mesma o círculo sagrado. Por isso os seus dons são tão

valiosos (Hino Dem. v.268-269) e suas leis sagradas e invioláveis (Hino Dem. v.476-

482). “

“Dentre os (περικαλλεα δωρα) belíssimos dons que os deuses oferecem à

Deméter (v.327), o primordial é sua filha que, recebe o mesmo epíteto de (περικαλλη)

“belíssima”(v. 405, 493, 2II). Se a filha é o seu belíssimo dom que desce ao mundo dos

mortos e ali faz circular e emergir à superfície da terra, sob a forma de plantas carregadas

de frutos, as suas forças fecundas, então, é ela que lhe confere ser, verdade e

cognoscibilidade, e, portanto, é através dela que Deméter participa da “ideia do bem”.

O outro dom de Deméter, totalmente vinculado a sua próspera energia, é a

promessa de uma vida feliz no além-túmulo para os que viram os seus mistérios sagrados

(v.480-482). Os sepultamentos sempre implicam a idéia de uma vida que continua além

da vida, em um plano subjacente, invisível, e que de algum modo o sustenta. O ventre

da terra é o lugar escuro onde o cadáver, à medida que se decompõe, aduba a terra,

vitalizando-a e permitindo a circulação das forças entre o domínio do invisível e do visível”

Sobre os Mistérios, centenas de obras foram dedicadas ao assunto e não é a intenção aqui expor as inúmeras teorias existentes. De momento, o importante é saber que outras póleis dedicavam cultos de Mistérios às Duas Deusas, apresentando dinâmicas, mitos e combinações de deuses muito próprios e locais, se esforçando ou não em manter algum laço histórico ou mitológico com Eleusis.

Portanto, de acordo com a afirmação dos teólogos, que nos entregaram os Santíssimos Mistérios, Perséfone habita no alto daquelas moradas que sua Mãe lhe preparou em lugares inacessíveis, isenta do sensível mundo. Mas também mora abaixo com Plutão, administrando as preocupações terrestres, governando os recessos da terra, fornecendo vida às extremidades do universo e transmitindo alma aos seres que são tornados inanimados e mortos por ela. (Proclus: Theology of Plato, p. 371.)

Âmbito Doméstico:

Na devoção doméstica e cotidiana dos membros do Hiero, Deméter é integrada ao grupo de deuses domésticos, através de um epíteto atestado em Corinto, “Epoikidiê” ou “Epikidií”, “Oikodespina”, ambos significando “senhora da casa”.

O culto aos deuses domésticos é essencial na tradição helênica politeísta, e são eles: Héstia, Agathos Daimon, Apollo Aguieus, Hecáte, Hermes Propileus, Herácles, várias “qualidades” de Zeus (Sóter, Herkeios, Ktesios,e outros).

Deméter hoje:

Deo se associa aos seguintes valores: Generosidade, nutrição, mãe zelosa, bem coletivo, alimentação, paz, satisfação, saciedade, civilização, fertilidade feminina e terrestre, ciclos naturais, vida íntima feminina, ciclo vida-morte-renascimento. Todos vivenciam seus domínios, independente de gênero, mas claro que na sociedade antiga lhe dedicavam ritos centrados na fertilidade da mulher (e da terra). De resto, todos se alimentam das produções do solo, por exemplo. Qualquer pessoa pode reverenciar a Deusa, sem necessidade de “compatibilidade arquetípica”. Mesmo na derradeira hora as Duas Deusas se apresentam, abrindo as portas para os secretos processos do pós-vida.

A religião popular e ancestral grega, de modo geral, com seus ritos e festivais, é direcionada às preocupações mais básicas do ser humano: casamento, geração e proteção de filhos para continuidade da família e comunidade; nutrição; saúde do povo; estabelecimento de normas de convivência; relação com o meio ambiente. Em suma: tudo o que beneficia uma experiência terrestre e corporal mais plena, saudável. E a deusa Deméter é uma das divindades que mais abrange essas necessidades. Portanto, como grande deusa tutelar de nossa comunidade, nos convida a buscarmos um relacionamento harmonioso com todos os aspectos “mundanos” de nossas vidas.

As Celebrações:

Além das festividades centradas nas divindades de cada mês, estão em elaboração outras direcionadas ao ciclo agrícola (literal e alegórico) com as Duas Deusas. Atualmente são:

Outono:Thesmophorias, início do plantio de cereais, especialmente do trigo.

Inverno: Kthonía ou Theogamia de Pherepháta e Pluton. Plantio da cevada.

Primavera: Katagogia, Advento de Pherepháta, Reencontro da Mãe e da Filha, desenvolvimento da cevada.

Verão: Megalartia (Festa dos grandes pães, fim das colheitas de trigo e cevada).

“Depois que Deo encontrou Persephonê, no entanto, ela se reconciliou com Zeus e deu a Triptolemus o cereal para semear, instruindo-o a compartilhar o presente com os homens em todos os lugares e a ensinar-lhes tudo o que se referia ao trabalho de semear.

E alguns homens dizem que foi Deméter também quem introduziu leis, pela obediência às quais os homens se acostumaram a lidar com justiça uns com os outros, e por causa disso a humanidade chamou esta deusa de Thesmophoros. E como Deméter foi responsável pelas maiores bênçãos para a humanidade, ela recebeu as mais notáveis ​​honras e sacrifícios, e magníficas festas e festivais também, não apenas pelos gregos, mas também por quase todos os bárbaros que participaram deste tipo de comida.” (Diodoro Sículo 5.68.2-3)


"Deo, Deusa mãe de todos, nume de muitos nomes,
Deméter insigne, nutriz de jovens, doadora de fortuna,
Deusa doadora de riqueza,nutriz de cereais, doadora de tudo;
que se agrada com a paz e com trabalhos muito laboriosos,
semeadora a colher e debulhar os grãos, Deusa dos verdes frutos,
que habitas os puros vales de Elêusis, és desejada
e amada, o sustento de todos os mortais sem exceção;
foste a primeira a atrelar a cerviz de bois ao arado
enviando aos mortais uma vida feliz e multiafortunada;
Vicejante companheira de Brômio, de esplêndidas honras,
Luminar, pura, te comprazes nas ceifas estivais,
tu és terrestre, tu és luzente, tu és gentil para todos;
de boa prole, insigne amiga das crianças, jovem nutriz de jovens,
que atrelaste teu carro impondo rédeas em dragões,
em cíclicos turbilhões a bradar evoés em torno ao teu trono,
unigênita, Deusa muito fecunda, muito augusta entre os mortais,
que tem muitas formas, multiflóreas, em sagrado viço!
Vem, venturosa pura, abundante em frutos estivais,
trazendo a paz, a amável equidade
a riqueza multiafortunada e também saúde soberana.

(Hino órfico a Deo, trad. Rafael Brunhara)

"Thesmophoros, Portadora das Leis,é um epíteto de Deméter e Koré.Seus dons, em tempos primevos, contribuiram para o refinamento do ser humano, instruído para ser capaz de construir e manter vida em sociedade, civilizada. Os Direitos Humanos se alinham às bênçãos civilizatórias das Duas Deusas, as guardiãs maiores de nossa comunidade, assim como se relacionam com as de outros deuses, Zeus por exemplo, e com uma das principais e mais comentadas Excelências helênicas, a Justiça."

“Sou Deméter honrada, a que é grandíssima

valia e alegria para os imortais e mortais.”